quinta-feira, dezembro 29, 2011 4 comentários

2012, venha me buscar!

Bom, nos últimos dias perdi a vontade de escrever aqui no blog, porque queria tirar pelo menos uma semana de férias do tratamento e de todo o resto, mas isso é impossível.
Então, apenas para não passar em branco, vim escrever meus votos de renovação. Primeiro, o que desejo para a minha vida em 2012.
Quero que este ano que está se encerrando fique completamente para trás, quero um ano de luz, paz, amor e felicidade. Muitas risadas, muitas conquistas, viagens, jantares com as amigas, taças de espumante, muita massagem, muitos quilos a menos, filmes, livros e fotografias, muitos pedaços de pizza, cupcakes e sorvete com cobertura de caramelo. Dois mil e doze pode até ser um ano com muitas coisas iguais a todos os outros, mas com certeza será um ano diferente, onde acontecerão coisas que nunca aconteceram antes comigo, como por exemplo: estarei curada, farei mega hair e serei mais feliz do que nunca.
O que eu desejo para todos os outros, além de todo costumeiro amor, sucesso, paz e alegria? Eu desejo SAÚDE. Saúde de verdade. Um ano sem consultas médicas e sem exames para todos.
Dia 31 de dezembro às 11h59 eu já terei fechado a janela que 2011 abriu na minha vida. E essa janela eu nunca mais vou abrir de novo.
Feliz ano novo para todos e que 2012 seja O MELHOR ANO DE NOSSAS VIDAS.
Beijos,
Thai
segunda-feira, dezembro 19, 2011 7 comentários

Feliz Aniversário, você não tem mais câncer!

E quando eu dei a notícia a Flor falou: "Eu disse que a gente não pode duvidar do poder dos aniversários!" e eu não poderia concordar mais.
Depois de 3 meses, 24 dias e 22 horas que eu recebi a pior notícia do mundo, o pesadelo começou a chegar ao fim. E apesar de eu estar brava, reclamando dos pontos, com dificuldades de caminhar e com as insônias por causa do medo do resultado da biópsia da cirurgia, quando o médico abriu a boca  para dar as notícias, eu só escutei música: "A biópsia não encontrou mais nada aqui, só sabemos que você tinha alguma coisa por causa dos resultados dos exames anteriores!".

E pronto, em 14 de dezembro eu recebi a tão esperada notícia, poucas palavras que significam tantas coisas: meu cabelo vai crescer, vou assumir o controle da minha vida novamente, voltar a trabalhar em 9 de janeiro, fazer planos, realizar sonhos, cumprir metas, fazer regime, viajar e ser muito feliz.
Claro que o processo é lento. Ainda não estou cem por cento recuperada da cirurgia, mas estou me recuperando bem e daqui uns dias só vai restar a cicatriz para eu me lembrar que sou muito forte e aguentei tanta coisa, mesmo quando achei que não fosse aguentar.
Vou fazer radioterapia em janeiro porque não posso correr o risco de simplesmente não fazer e ter que passar por isso novamente um dia, e garanto que todo o processo não vai ser fácil. Estou tão cansada, que a minha vontade é rasgar minhas guias de encaminhamento e deixar tudo para trás.
Ontem mesmo eu flagrei um momento em que eu disse: "Eu tive câncer". É isso, eu TIVE câncer, no passado, não tenho mais câncer. Isso não me pertence mais!
Em comemoração a essa nova fase eu comprei uma mala de viagem nova e vários guias de turismo, além de tomar champanhe, vinho e estar preparando um belo discurso de agradecimento para todas as pessoas a quem eu realmente devo tudo.
É isso, depois desse caminho complicado e duro, aqui estou eu: quase inteira, encarando a parte final desse pesadelo, levando as consequências na bagagem, porém continuo sendo a mesma pessoa de antes.
Ainda não posso fechar a porta de um vez por todas. O  tratamento não chegou ao fim e a luta continua, mas está muito, muito perto do fim.
E como diz a maravilhosa Katy Perry: "After the hurricane comes the rainbow!". 2011 = hurricane. 2012 - rainbow. É só esperar mais um pouco que o sol vai voltar a brilhar.
quarta-feira, dezembro 14, 2011 16 comentários

Vinte e Seis Primaveras

Eu nasci em um sábado. Atrapalhei a formatura do pré do meu irmão. Parece que desde que eu nasci queria criar essa comoção. Eu era um bebê totalmente careca e meu pai conta indignado até hoje, que minha mãe colava lacinho com durex na minha cabeça. Quando ela tirava o durex meus únicos fios saiam junto, meu pai ficava bravo. Nesses vinte e seis anos de vida eu sempre comemorei meu aniversário, nunca fui muito fã de cantar parabéns, mas sempre aproveitei 14 de dezembro como uma desculpa para reunir pessoas maravilhosas e que eu amo demais.
Hoje é meu aniversário de vinte e seis anos e eu estou careca assim como em 14 de dezembro de 1985 - é uma pena que a fofura skinhead dure apenas até os seis meses de vida, seria muito mais fácil se eu ainda fosse linda carequinha. A diferença é que a minha falta de cabelos dessa vez é o sinal de uma luta dura, difícil, pesada.
Esses últimos dias de recuperação da cirurgia estão sendo péssimos, por isso estou sumida. Eu estou nervosa, mau humorada, triste, chorona. Gente, é horrível ficar com dor, sem poder andar, sem sair de casa, decorando a programação da Net inteira. E o cabelo, então? Essa porcaria não nasce. Não sei se está nascendo um pouco, mas não dá para enxergar por causa da minha loirisse. Foi uma semana que eu me senti absolutamente maltratada pelo tratamento. Dessa vez, eu senti o peso!
Para completar esse ciclo pós-cirurgico calhou de ter que tirar os pontos justamente hoje. Estou com medo de ir no médico, estou de saco cheio de sala de espera de oncologista. Enfim.... estou querendo terminar para sempre com isso mesmo.
 Sendo assim, meu objetivo do dia é apagar todos os momentos péssimos que eu já passei até aqui. Eu não ligo de ignorar toda a minha luta, eu prefiro esquecer todo o desespero que essa doença trouxe para minha vida e me lembrar apenas dos bons momentos dos últimos vinte e seis anos. E foram muitos.
O fato de ter tido câncer aos vinte e cinco e estar sofrendo muito no momento não diminuem uma vida de alegrias que eu tive. Uma vida de alegrias que eu tenho.

Em alguns momentos de revolta eu cheguei a pensar: "Eu queria ser qualquer outra pessoa, menos eu", mas isso foi bobagem, eu nunca desejei ser ninguém no mundo que não fosse eu mesma. Se eu fosse outra pessoa, eu jamais teria a família maravilhosa que eu tenho, nem os amigos sensacionais e o melhor namorado. Se eu fosse outra pessoa, eu não teria escrito uma história tão boa e tão rica em vinte e seis anos.
Se eu fosse outra pessoa, pode ser que eu não tivesse câncer, nem tivesse que passar por uma cirurgia como essa, nem tivesse perdido meus cabelos, mas com certeza, essa pessoa não teria um coração como o meu, tão cheio de amor, transbordando história. Transbordando VIDA!
terça-feira, dezembro 06, 2011 10 comentários

Cirurgia - Primeira Semana

Eu poderia ter postado antes, mas eu estou muito reclamona. Pensa que é fácil ficar ligada em um monte de caninhos e sem conseguir andar?
Gente, nunca nessa vida eu sonhei que o inferno da cirurgia fosse tão insuportável.
Fui internada na quinta-feira e passei a primeira noite na enfermaria do Hospital Angelina Caron e pensei milhões de vezes em como iria contar aqui todo o terror que foi ficar naquele lugar, mas desisti porque nenhuma palavra que eu falar vai retratar, então nem vou tentar. Só resumo dizendo que chorei do momento em que eu entrei no quarto até o momento em que eu fui para a cirurgia.
Quando fui levada para o centro cirúrgico até o momento em que eu cheirei aquele gás mágico, passei um nervosismo enorme, mas conversei com meu médico antes de iniciar, o que me deixou mais calma. Após duas anestesias acordei na sala de recuperação e depois fui para o quarto.
Sexta-feira foi um dos piores dias da minha vida. Muita dor, muito enjôo, muito calorão, não podia mexer, nem comer, nem beber água, vai dando um desespero.

Sábado, na primeira tentativa de comer, não deu muito certo. A primeira tentativa de levantar da cama, deu super errado, depois de dois desmaios tivemos que tentar mais tarde. Recebi visitas lindas, mas ainda estava muito debilitada, nem conseguia rir, porque doia. E dai então, aconteceu uma insanidade: EU ESPIRREI. Jesus, me salva!! Espirrar me fez ver todas as estrelas que eu nunca tinha visto na vida.
Domingo tudo foi muito diferente, eu me alimentei melhor e consegui levantar duas vezes, assisti a final do campeonato brasileiro e quando o Timão foi oficialmente campeão, comecei a chorar e percebi que queria tanto que tudo tivesse sido diferente. Se eu não estivesse no hospital, nós estaríamos comemorando o aniversário do meu irmão e ia ser um dia muito feliz, mas ao contrário, eu estava ligada em  um monte de fios, tomando remédio toda hora e sem poder levantar. Dai em diante, deprimi um pouco. Porra, Câncer, vai pro inferno!
Segunda tive alta e vim para casa e dai então a maior provação de força de todos os tempos: SUBIR ESCADAS.
Foi sofrido, mas cheguei aqui em cima. Estou de cama, sem poder levantar sozinha, dependendo da minha mãe para tomar banho, comer, beber água, levantar, trocar curativo. Está sendo uma semana tensa e estou com um humor muito duvidoso, por isso vim aqui só relatar que minha cirurgia deu certo, mas o preço é alto.
Volto com novidades só depois de sexta, quando me livrar dos canos e quiçá dos vinte pontos.

A luta continua.
Beijos, 
Thai

* Estou com carinha de feliz nas fotos né? Mas juro que não tinha a menor graça. Esse sorrisinho é fake. haha
quarta-feira, novembro 30, 2011 7 comentários

Cirurgia - Preparação

Eu acho que o medo é fundamental. Você imagina o mundo se as pessoas não tivessem medo? Ia ter gente se jogando para fora de avião o tempo todo (ops! isso já tem). Mas brincadeiras à parte, é óbvio que esses momentos pré-operatórios são tensos e eu estou com medo.
Para falar bem a verdade, penso mais na dor e no fato de que o transtorno pós-operatório durante meu aniver, Natal e Ano Novo pode estragar tudo. Sou dessas, estou mais preocupada com a chatisse de estar operada na minha época preferida do ano do que com o fato de fazer uma mega cirurgia daqui dois dias. Eu sei que vai doer, vai ser chato, disso tudo eu sei, mas e os presentes  de Natal que ainda não comprei, faz como?

Bom, enquanto não chega a hora de sentir um pouquinho de sofrimento na  pele, vou levando da melhor forma possível.  O final de semana foi gostoso, chegou um momento em que eu quase me senti normal de novo. Até consegui dormir mais horas do que o habitual, mas o bruxismo mandou beijos. Travei tanto nas últimas noites que a dor de cabeça não vai embora nunca.
Estou muitos quilos acima do peso nesse momento e vou considerar esses próximos dias de internação um tipo de spa. Comida de hospital é dose, eu odeio canja e provavelmente vou estar virada do avesso por causa da anestesia. Será que dá para perder alguns dos quilos indesejáveis?
Não sei muito bem como vai funcionar as visitas no hospital, não sei de quase nada na verdade. As vezes a ignorância é um coisa maravilhosa. Essa semana estou aproveitando para fazer algumas coisas que gosto e tomar providências.
Tirando o fato de que o convênio ainda não liberou minha cirurgia e está um tal de liga para médico, ouvidoria, anvisa, já estou preparada. Minha mala está pronta, contendo camisolas fofas, muitos lenços, maquiagem, perfuminho e tudo que puder fazer um truque para esconder a carinha de adoecida.
Se até o momento eu estou bem na missão de esconder o abatimento e a careca, não vai ser no hospital que vou deixar a peteca cair, não é mesmo?
Então é isso... me desejem sorte. Vai dar tudo certo e dentro de alguns dias estarei de volta com mais uma etapa resolvida!

Beijos,
Thai.
sábado, novembro 26, 2011 4 comentários

Post da Dani I


Hoje o post é da minha supeeeeer, hiper amiga e irmã Dani. O post dela fez eu me sentir uma pessoa tão maravilhosa que eu estou me achando nesse momento..
Só digo uma coisa: chorei rios lendo.
Desenterrei uma foto que a gente nem parece com a pessoa que somos hoje em dia, mas achei interessante comprovar que estamos lado a lado desde o dia que nos conhecemos.
Amiga, te amo demais, não tenho nem palavras para agradecer a sua parceria e seu apoio.  

 
"Escrever aqui não é, nem vai ser uma coisa muito fácil.
Primeiro porque o momento e o tema não são dos melhores, e, segundo porque a Thai tem feito isso com maestria.
Mas, mesmo assim, vamos lá...

Antes de tudo tenho que explicar a importância da Thai na minha vida e na de todos que tem o prazer de dividir ela como amiga!
Sim, faço parte de um grupo de privilegiados que podem chamar os amigos de irmãos e contar com eles a qualquer hora!
E foi pensando nisso, nesse sentimento de conforto e segurança que eu tenho ao lado delas, que a luz amarela do meu celular piscou numa manhã de sol no meio das minhas férias!
Aquilo significava que eu tinha recebido um email ou uma msg da Thai, e, eu pensei “que coincidência boa, tava pensando nela nesse exato momento”.
Por ironia do destino a ultima sensação que eu tive antes ler o fatídico e-mail, foi a de ter levado um “soco no estômago” ao considerar a possibilidade de viver sem a presença diária delas (vontade súbita de morar no calor e abandonar essa cidade gelada).
Ninguém avisa que quando você recebe uma notícia ruim o tempo para, o mundo gira literalmente, e passa um filme na sua cabeça. Todas as possibilidades, e todas as vertentes são consideradas em questões de segundo.
Eu chorei, eu tive ódio, eu não entendi o porquê, mas a pior sensação vinha, quando eu pensava que se eu estava me sentindo assim, imagine ela...
E ai, veio a impotência, a frustração, a vontade de querer carregar ela no colo e levar pra longe daquilo e só voltar quando tudo estivesse terminado.
Mas na realidade você percebe que não tem como ajudar (pelo menos não da forma que queria), nem tem como aliviar a dor que ela está sentindo. Se eu pudesse eu juro que dividia essa dor comigo para fazer dessa batalha (ganha) menos dolorosa.
Eu nunca duvidei da cura, sempre tive certeza que lá no final tudo ia dar certo, mas isso não faz da dor e da tristeza menores, porque o caminho pra vitória com certeza ia maltratar a minha amiga loira e linda.
Era nisso que eu pensava, no cabelo lindo (que ela TEM), na alegria única, no sorriso, na paixão de viver e no bom humor invejável.
A Thai é assim, ela é o elo do grupo. A que mantém e luta para manter o grupo sempre unido. De todas, ela é a única que nem por um segundo se afastou. Ela seeeempre consegue ver o lado bom das coisas, e nada é igual se ela não estiver junto, porque ela ilumina e traz vida com a sua presença, desconhece o morno porque com ela tudo é intenso. Ela faz, sem qualquer esforço, um almoço no centro virar um dos melhores momentos da semana.
Apesar de ela estar lidando, durante todo esse processo, de uma maneira surpreendente, e a gente ter conseguido manter a felicidade no meio dessa tempestade, foi inevitável pensar se ela ia continuar a ser a mesma depois desse capítulo tão triste e desnecessário.
Foi ai que começaram a chegar as tão esperadas boas notícias. A perspectiva da cura mais próxima, e a certeza de que o tratamento estava fazendo efeito, trouxeram aquele olhar alegre e aquela risada aliviada que às vezes ficaram encobertas pelo medo e a insegurança. Foi nesse momento, na hora dos gritinhos e dos pulos que eu vi a minha amiga inteira, completa, ainda machucada, mas maravilhosa como ela sempre foi e nunca deixou de ser!
Amiga, eu sei que de fora a gente nunca vai conseguir sentir e entender tudo isso que você está sendo forçada a viver. Mas você sabe que estaremos todas juntas pra tentar de todos os jeitos fazer dessa caminhada mais leve. Seja chorando junto, quebrando as coisas de ódio, dando risada pelas futilidades da vida, planejando milhões de viagens (até com controle de caloria e hora pra acordar (?)), ou simplesmente ajudando o tempo passar mais rápido.
Você merece os nossos parabéns, não só por estar sendo essa lutadora com uma força sem tamanho, mas também porque está se permitindo a sofrer e superar todas as fases desse tratamento sem deixar de ser você, essa pessoa que todo mundo tinha o direito de ter uma igual na vida. Você é sem dúvida o orgulho de todo mundo que está do seu lado segurando sua mão.
Vai passar, já está passando, eu sei que ainda é e vai ser difícil, que ficarão as cicatrizes, mas tenho certeza absoluta que no futuro estaremos todas juntas tomando uma champagne em Paris FELIZES.
Porque com a gente é assim, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença. Como a Mah disse, “O time da tristeza não conseguiu virar o placar”.

Da sua sempre amiga, irmã,
Dani"
quarta-feira, novembro 23, 2011 6 comentários

Vaza, Quimio!

O tempo é extremamente relativo. 40 minutos de massagem relaxante é pouco. 40 minutos na sala de espera do oncologista é uma eternidade.
Mas assim que fui chamada, a interminável ansiedade acabou. Após o exame, extremamente rápido, vieram as boas notícias. Foram ótimas notícias, para ser sincera. Foi o fim do câncer! A lesão do cólo do útero reduziu OITENTA POR CENTO. Repito: 80%!
A quimio foi suspensa, fim das células malignas. Vou dar mais enfâse: Acabou a quimio!!! Meu cabelo vai voltar a crescer essa semana já, nunca mais terei aquele gosto horrível na boca, nada de coceiras desesperadas. Chegaaaa!
Em três sessões, metade da programação inicial, eu acabei com essa maldição. Sou poderosa ou o que?? Não tenho como me expressar melhor do que usando as doces palavras da minha musa Beyoncé: WHO RUN THIS MOTHA????
Bom, a demora para fazer esse post foi em decorrência de que eu fiquei com a "Escolha de Sofia" nas mãos e passei dois dias bem apreensivos tendo que escolher entre opções que não me deixaram muito feliz, ou seja, não quis parecer ingrata, mas mesmo com a redução absurda do câncer, a minha situação ainda pode ser considerada um tanto quanto periclitante. E com certeza tem gente pensando: "Mas tá viva, isso que importa, por que querer tanto ter filhos?", mas eu tenho a resposta.
Sabe quando seus pais são pessoas tão maravilhosas e especiais e fizeram sua vida ser perfeita? Além disso fazem um trabalho tão bom na sua família, que você passa sua vida inteira querendo ser para alguém o que eles são para você?
Eu sei! Passei minha vida inteira querendo transmitir todo o amor que eu recebi dos meus pais para os meus filhos. E depois que encontrei o Guilherme, tive certeza que estava com alguém que faria um bom trabalho ao meu lado nessa missão. Eu acredito que serei uma ótima mãe e tenho certeza que ele será um ótimo pai.
Esse é o drama do momento, mas prefiro não falar nesse assunto, ok?
Então, passando por cima disso, vamos voltar a parte boa: encerrada a quimio, estamos apenas a um passo do fim. Quem quer comemorar??
Depois de estudar muito minhas opções, junto com as pessoas que eu amo, ficou marcada a cirurgia para dia 02 de dezembro e depois terei 30 sessões de radio pela frente. Claro que estou com medo, mas vou sofrer só dia 02, até lá.... vida normal. Depois da recuperação cirurgica, só festa.
QUEM FAZ RADIO PODE BEBER? NÃO EXISTE UMA BOA COMEMORAÇÃO SEM ESPUMANTE. 

E para finalizar esse post imenso quero agradecer do fundo do meu coração o pensamento positivo e oração de cada um de vocês. Sei que foram muitos e o mais importante, funcionaram!!!! Eu espero, um dia quem sabe, poder retribuir tudo de bom que eu recebi nesses três meses.
Eu sei que não falo muito de Deus por aqui, mas gente, vamos falar sério.... DEUS É LINDO OU É MARAVILHOSO????

A luta continua, e está muito perto do fim.
Beijos,
Thai

* Dessa vez coloquei fotos do meu acervo pessoal quando meu cabelo estava lindo e sedoso.... E agora ele vai voltar. Ufa!!!
sábado, novembro 19, 2011 6 comentários

Insônia e Solidariedade

Parte 1 - Insônia
Há 3 meses atrás eu não conseguia entender como uma pessoa podia ter insônia. Dormir é uma das melhores coisas da vida, como pode não conseguir dormir, não é?! Mas ultimamente não sei mais o que são noites de sono com qualidade .
Eu deitava na cama e em 4 minutos estava dormindo. Sem brincadeira. As vezes eu estava assistindo um programa de TV, deitava no comercial e dormia antes de voltar para o próximo bloco. Hoje eu levo 4 horas para dormir. Isso quando 4 horas são suficientes. Vira e mexe, olho para o relógio e já passou das 2 da manhã e eu acordada. Pode isso? Não, gente! Preciso das minhas noites maravilhosas de sono de volta (sem rivotril).
 Entre uma noite turbulenta e outra, resolvi ficar com dor de garganta/gripe. Que beleza, né? Tudo que eu precisava era que as belezinhas dos meus leucócitos resolvessem ficar preguiçosos e deixar essa porcaria de gripe entrar. E da-lhe anti-inflamatório, tosse, tosse, tosse, menos horas de sono.
O que importa é que nesse meio tempo ganhei uma NET HD no meu Universo quarto (beijo, pai), fui para o escritório, shopping com as fofas das minhas amigas, almoço com a minha quase irmã e minha afilhada linda e quando a gente menos esperava: dia 21 chegando a nossa porta, né?

Estou preparada? Sim, claro. Estou preparada para boas notícias. Mas vou confessor que estou com um medo de entrar no consultório do Dr. Luciano que só eu sei. E quem não teria medo de oncologista que atire a primeira pedra!

Parte 2 - Solidariedade
Então, depois de reclamar bastante, que não durmo, não tenho imunidade e estou tremendo nas bases, resolvi que era hora de me mexer do lugar e fazer a vida de alguém melhor. Entrei em contato com a responsável pelo trabalho voluntário na área de pediatria do Hospital Erasto Gaertner e me informei de como podemos ajudar as crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer nesse Natal.
Sendo assim, vou aproveitar esse espaço, que eu sei que é lido por muitas pessoas maravilhosas e vamos fazer juntos uma arrecadação de brinquedos e outros presentes para doar para a festa de Natal das crianças?

O negócio é o seguinte: a festa de Natal da ala pediátrica é dia 14 de dezembro (meu aniver!!!) e as arrecadações devem ser entregues até dia 12 no Hospital. Eu me comprometo a receber as doações de brinquedos e presentes para os adolescentes, ou para facilitar a vida dos preguiçosos ocupados, vocês podem me dar o dinheiro e eu farei a compra dos itens. 
Segunda fui informada, a maior necessidade são os presentes para adolescentes: bonés e camisetas tam. 16 para os meninos e agendas e produtos de beleza para as meninas (não comprem produtos capilares, pelo amor de Deus, meu povo!!!).
Espero que todos participem!! Quando olharmos para nossas árvores de Natal cheias de presentes, vamos nos lembrar que fizemos a nossa parte e transformamos essa data para alguém que realmente merecia ser presenteado.

Conto com vocês!
Beijos, 
Thai
terça-feira, novembro 15, 2011 6 comentários

Voz

Mesmo quando está tudo indo bem tem uma coisa que não me deixa em paz: é uma voz que fica dentro da minha cabeça. Sei lá quem comanda essa maldição, mas é alguém muito persistente. Mesmo quando estou feliz, me divertindo em uma festa de casamento animada, a voz fica lá dentro: "Peruca. Cirurgia. Exame de sangue. Quimioterapia. Dor". Solenemente, a gente a ignora, dá risada, conversa com todo mundo. Viaja para praia com o namorado. 
De repente, quando você está ali deitada ouvindo o barulho do mar e descansando, vem a voz de novo: "Coceira. Remédio para enjôo. Radioterapia. Careca. Aveloz. Oncologista". Não dá para ignorar, então fecho os olhos e peço em silêncio  para ela me deixar em paz. Mas ela não vai embora e dá o golpe final, berrando: "ADENOCARCINOMA INVASOR". Pronto, venceu! Me convenço que não posso esquecer nem por um minuto que tenho câncer.
Mesmo quando está tudo maravilhoso, ela não sai da minha cabeça.
Quero ser produtiva de novo, dormir às dez e meia da noite, poder fazer dieta, exercícios físicos, marcar programações, viagens, ficar deitada ouvindo o barulho do mar sem ouvir essa voz, mas qual seria o antídoto para afastar essa voz de vez da minha vida?
Apesar da voz na minha cabeça ser insistente, passei um ótimo feriado. Sacada com vista para o mar ao lado do namorado, nada pode tornar ruim: nem a voz, nem a chuva e o frio, nem os sintomas remanescentes da quimio da semana passada.

Dai, querido leitor, você olha as fotos acima e nota que estou usando peruca e lenço de uma vez só e pensa: "Nossa, como ela é fashion e antenada nas últimas tendências da moda!" ou então "Ficou complexada de vez e resolveu esconder a careca de verdade", mas não gente, acontece  que eu sai com a minha peruquinha para passear e de repente começou a garoar e não tinha outra opção de sobrevivência senão cobrir a peruca com o lenço para não desmanchar o penteado estático dela.
Acha que é fácil não ter cabelo de verdade? 
Aproveitando todo esse relax, tive a oportunidade de pensar bastante e descobri o que pode calar a tal voz. É super simples. O antídoto para calar para sempre essa perturbação se resume em três palavras: VOCÊ ESTÁ CURADA!

Enquanto esse dia não chega, a luta continua.
Beijos,
Thai.
sexta-feira, novembro 11, 2011 4 comentários

11.11.11

Confesso que já tive semanas melhores, mas não é por isso que vou deixar de apreciar a bela data de hoje, não é?
Que dia mais lindo e cabalístico, gente. Sempre achei que me casaria em onze do onze de dois mil e onze, mas o tempo foi passando e quando eu vi já era tarde para aproveitar essa data tão especial.
Não tem problema! Apesar de hoje não ter nenhum acontecimento tão memorável quanto merecia, estou aproveitando para escrever por duas razões: a primeira delas é dar meu boletim médico. A minha recuperação da terceira sessão de quimioterapia foi mais chata. Tive mais enjôo, mais náusea, mais cansaço físico do que as outras vezes e para piorar, a novidade da vez são umas afecções lindas na pele.

 Hoje estou me sentindo um pouco melhor, exceto as dores no corpo que já são minhas velhas conhecidas nessa etapa da recuperação. Em suma, haja fosfatase alcalina para combater esse coquetel motolov: Decadron, Dorflex, Neosaldina, Rivotril, Allegra, Vonau, Bromoprida e outros brigaram por um espaço aqui dentro.
A segunda razão para eu fazer o post hoje é porque queria demais falar de uma pessoa faz tempo. Exemplo de superação, de bom humor e de vitória: Márcia Cabrita.
Eu passei o final de semana antes da primeira sessão de quimio no Rio de Janeiro. Estava em um momento super sensível, chorona e tinha acabado de começar o blog. Então, meu amor e eu resolvemos assistir uma peça de teatro e quando vi que a Márcia fazia parte do elenco fiquei muito feliz. Sabia que ela tinha tido câncer mas não sabia detalhes.

A peça foi muito engraçada, ela é uma atriz sensacional. E quando a vi no palco de cabelo curtinho arrasando - agora já está de mega hair - fiquei muito emocionada conseguindo ter uma perspectiva do meu futuro livre do câncer.
Depois de uma pesquisa descobri que ela teve câncer nos ovários e que tinha superado tudo. Teve um tratamento cheio de altos e baixos e dividiu tudo isso em um blog (maravilhoso!!).
Quando eu li o blog dela, automaticamente ela virou minha musa inspiradora. Bem humorada, centrada, mas acima de tudo: VERDADEIRA. Fala tudo o que sente na lata, sem se envolver um uma nuvem falsa de positivismo dizendo que "o câncer melhorou a vida". Concordo em gênero, número e grau com quase tudo que ela diz e escolhi um trechinho mínimo (mas, perfeito) de um texto dela:

"(...)Chorei pelas dores , enjôos, injeções e tudo mais. Eu me dei esse direito. Eu me dei o direito de ser humana. A Mulher Maravilha mora na televisão, eu moro na Gávea mesmo. A Mulher Maravilha dá aquela giro e sai linda e poderosa correndo para salvar pessoas. Se eu fizesse a mesma coisa cairia estabacada com a careca no chão.  (...) Sinceramente, não acredito em uma seleção divina. Muitas pessoas bacanas e crianças morrem e isso não é nem um pouquinho justo (...)"

Essa entrevista que ela deu no Jô arrasa (assistam, pois vale a pena). Fofa demais. Inspiradora demais. Um sonho: dar um abraço na Márcia Cabrita.

Bom feriadão para todos. Bom descanso e feliz 11.11.11.
Beijos,
Thai.

terça-feira, novembro 08, 2011 8 comentários

Terceira Sessão de Quimio.

Mais uma etapada superada. Agora é aguardar esse remédio abençoado fazer efeito no lugar para onde ele é direcionado, porque no resto ele está fazendo. Sintomas dentro do esperado, um pouco de gosto amargo na boca mais acentuado, o que é bem chato. Dessa vez tomei um corticóide antes de receber a medicação para evitar as coceiras com efeitos multiladores. Vamos ver se adianta.

Estou mais animada, pois acho que de agora até o dia 21 o tempo vai voar e vai ser possível controlar a ansiedade até lá (feriado vida!). Só poderei delinear o meu final de ano depois dessa consulta e é isso que me dá mais aflição. Eu gosto de ter uma lista com todas as programações dos próximos meses definidas e até agora estou de mãos atadas esperando o tempo passar. E pior, toda a minha família acaba ficando nessa situação também.
Espero que até o final de dessa semana as dores no corpo tenham ido embora, porque sábado é um dia importante. Tenho casamento da família do namorado. E pensem comigo? Como proceder com a peruca? Fazer penteado naquele cabelo de Playmobil não vai rolar. Ficar cabeção e cansada ainda por cima é o fim da carreira. Então, vamos torcer pela mesma recuperação das outras sessões.
Está calor essa semana e mesmo assim eu estava de cobertor na clínica. Tema para reflexão: Por que hospitais e clínicas são sempre geladas???
Bom, eu nem sei exatamente quanto tempo ainda vai durar esse tratamento, mas já estou na contagem regressiva para o fim. E como é sempre bom ver uma mensagem de otimismo, escolhi um vídeo da  Drica Moraes, algum tempo após o fim do tratamento da leucemia dela (mais de um ano atrás). Para mim a frase mais marcante "A vida melhora muito se você não morre".



É isso....a vida é ótima se a gente não morre, né? Vamos que vamos na luta.
Beijos,
Thai
domingo, novembro 06, 2011 5 comentários

Qualidade de Vida.

Essa semana foi tranquila, um feriado na quarta-feira facilita minha necessidade de aumentar a velocidade do tempo, mas eu tive muita coceira.
Muita coceira mesmo, daquelas de quebrar a unha de tanto coçar. Principalmente de quinta para sexta-feira, que eu cheguei a sentar na cama e começar a chorar de desespero, mas depois que eu vi que chorar de desespero não ia adiantar, parei de chorar e continuei me coçando. Resultado: um monte de marcas pelo corpo, algumas parecidas com um raladinho quando a gente cai no asfalto e outras piores, parecendo que eu ganhei a antipatia de algum gato com as unhas bem afiadas. E isso contribui muito para que role uma desanimada. (O humor fica muito suscetível ao seu estado de sáude/conforto quando se está com câncer).

Sendo assim, nada melhor do que aproveitar bem o final de semana antes da quimio para aliviar a tensão. Com a Virada Cultural em Cutiriba, a melhor opção foi um passeio na feirinha da Praça da Espanha. Muitas comidinhas deliciosas, ótimas companhias, aproveitar o raro momento de sol e encontros com várias pessoas semi-conhecidas (que a gente desvia com o objetivo de evitar a famosa pergunta: "Você mudou o cabelo?"). Depois jantar com os sogros, filminho que eu dormi na metade e um almoço agradável antes do namo viajar à trabalho (de novo!).

Para finalizar o final de semana com chave de ouro, passar a tarde na casa da amiga comendo mini-churros foi a cereja do bolo. Notaram que na verdade eu deveria tornar esse blog especialista em crítica gastronômica?? - Depois reclamo que engordo e coloca a culpa na quimio.
Mas mesmo depois de tudo isso, quando começa o Faustão na televisão, não tem como fugir.... é o tédio me pegando de novo e cá estou eu entre a TV e o computador para mais uma longa semana de recuperação da medicação.

Receita para enfrentar a terceira sessão de quimioterapia: tranquilidade, fé incondicional de que o tempo vai passar cada vez mais rápido e o objetivo de aproveitar muito o próximo final de semana.

Amanhã mais um dia de luta. Obrigada pela "torcida" de todos.
Beijos,
Thai.
quarta-feira, novembro 02, 2011 5 comentários

Tédio.

Desde que me tornei uma paciente, meu quarto virou meu Universo. E apesar de algumas vezes ser entediante olhar para essas quatro paredes a maior parte dos dias, a maioria dos dias da semana, eu gosto muito de estar nesse espaço.
Aproveito que durmo pouco, mas preciso de repouso, para colocar a leitura em dia e principalmente, assistir todos os seriados do mundo. Queria ter mais disposição para fazer coisas úteis, tipo arrumar o guarda-roupa, mas quando me dou conta o dia terminou e eu ainda estou deitada na mesma posição.
As vezes tenho a sensação de que a minha cama está fazendo um buraco com o meu formato, mas eu pretendo terminar meu tratamento antes que isso possa acontecer, ou então, corro o sério risco de ter uma crise interminável de tédio.
Amanhã vou fazer mais um exame de sangue (espero que não precise tirar sangue do meu pulso dessa vez!) para me preparar para encarar a terceira e última sessão de quimio dessa primeira etapa do tratamento. Depois de segunda-feira ficarei à deriva, aguardando a minha próxima consulta com o Dr. Luciano (só dia 21), para só então saber o que vai acontecer. Sei que ainda faltam alguns passos importantes até a linha de chegada, mas tenho certeza que estamos cada vez mais perto do fim. 
Não vejo a hora de meu cabelinho começar a nascer. Quando ele estiver espetado vou fazer uma festa temática para comemorar o retorno do meu ninho de sarará.

Enquanto isso, a luta continua!
Beijos,
Thai

*Fotos dos cantinhos mais particulares do meu quarto adaptados para essa fase do tratamento.

domingo, outubro 30, 2011 2 comentários

Eu não acho graça.

Acontece sempre mas a gente simplesmente não percebe, piadas maldosas estão sempre respingando na internet, no facebook, twitter e etc. Normalmente são feitas por anônimos, e muitas vezes por humoristas fracassados e subcelebridades.
E acreditem, tem gente que ainda brinca com o câncer. Outro dia foi Danilo Gentili fazendo piada sobre a recuperação de Hebe Camargo. E desde ontem, muitas pessoas estão postando no facebook uma piadinha infâme sobre a doença do ex-Presidente Lula.

Eu sou anti-PT, sempre fui!!! Não gosto do Lula, nem de Dilma e nem de ninguém desse governo, adoro criticar o estado da saúde pública do país, apesar de eu simplesmente não preciso usar o SUS, mas não acho legal brincar com a doença de outra pessoa. 
Não é porque não gosto de uma pessoa que eu acharia graça em piadas desse gênero. Eu não tenho inimigos, mas mesmo que tivesse, com certeza não desejaria que essa pessoa tivesse uma doença, muito menos que essa doença fosse câncer.
Se o ex-Presidente vai se tratar no sistema privado de saúde, sorte a dele, eu também estou me tratando, sorte a minha. Nós temos mais chance de ter um tratamento mais efetivo e mais rápido, mas o sistema privado  também pode errar e ser ineficiente (para quem não sabe, um ano atrás eu fiz exames e tive um falso negativo, pois segundo meu médico, a doença já estava se desenvolvendo a mais ou menos dois anos).
Se você é uma pessoa anti-governo, se você acha que os políticos deveriam usar o SUS para constatar a ineficiência do sistema público, ok, mas fazer piada com o estado de saúde de uma pessoa que vai enfrentar uma guerra pela frente não é adequado (na minha opnião).
Além da quimioterapía, que é uma visita no inferno à parte, o Lula vai enfrentar uma cirurgia difícil, pode até perder a voz ou o paladar no tratamento, eu não acho a menor graça nisso e você? Ainda acha isso engraçado?
quarta-feira, outubro 26, 2011 5 comentários

Compensação

Ai que coceira dos infernos! (ok, não tem nada a ver a coceira com o resto do post, mas não tinha como começar a escrever hoje sem reclamar dessa coceira. Estou me sentindo um poodle pulguento. Haja Allegra!!).
E por essas e outras razões, que nem preciso mencionar, é que eu fico tentando encontrar qualquer maneira de compensação. É um sistema bom e ruim ao mesmo tempo.
Quando a gente está para baixo, se achando feia, azarada, esquisita, escolhida ou magoada, compensar é bom. É simples: "Eu estou triste, quero meu cabelo de volta!", nada que um brigadeiro de panela com sorvete de creme não resolva, ou então, "Por que eu tenho câncer, meu Deus?!" e da-lhe vestidinho novo. Cartão de Crédito, para que te quero!

Maaaaas..... quando a gente acaba comendo brigadeiro demais acaba engordando demais, ou quando compra vestidinhos demais, acaba gastando demais e essas coisas não são boas. Então, até que ponto a compensação ajuda?
É difícil dizer, porque na ponta do lápis, nada é capaz de compensar as dores e o sofrimento que a doença traz. O fato de tomar Rivotril para dormir não quer dizer que o remédio te trouxe a paz de deitar a cabeça no travesseiro e dormir.
Eu acredito que a compensação é válida, porque durante o tratamento, o meu foco é não deixar a peteca cair e isso não é muito fácil, as vezes precisamos de uma ajudinha. E nada como um vestidinho para segurar a peteca lá em cima.

Mas o que adianta um closet lotado (como se eu tivesse um closet) e depois uma fatura de cartão impagável? Isso seria mais uma preocupação para minha vida e eu não quero.
Então.... é força na peruca para controlar os reais a menos e os quilinhos a mais, e tentar compensar saindo com as amigas, esmagando os sobrinhos, jantar com a família, dengos do namorado e quando eu me der conta, estarei acordando em 2012, quando tudo já estiver terminado (um sonho!).

Com brigadeiro ou sem, a luta continua.
Beijos,
Thai
segunda-feira, outubro 24, 2011 3 comentários

Embarangamento.

O verbo "embarangar" não existe, tecnicamente falando. Se você procurar no dicionário, ele não vai aparecer. No entanto, a palavra "baranga" existe e significa: "mulher feia, muito ruim, sem valor, de má qualidade".
Sendo assim, resolvi inventar um significado para esse novo verbo, que passou a fazer parte da minha vida, a partir de agora embarangar existe e significa: "perde gradativa da beleza, mulheres que envelhecem e engordam em uma velocidade incrível, deixando o que é bonito para trás".
É inegável que o tratamento contra a doença tem essa tendência espetacular para arrasar com as mulheres, especificamente. Queda de cabelos, cílios e sobrancelhas. Uns quilos a mais. A peruca trazendo todo aquele aspecto Playmobil. (Está ai Britney que não nos deixa mentir!)

Não estou dizendo que antes eu fosse a sósia da Grazi Massafera, mas no momento, a situação não está das melhores. Com tantos fatores tentando me embarangar, tento compensar com mais maquiagem, umas roupas mais arrumadinhas, sei lá, estou tentando compensar com o que dá.
É difícil segurar a auto-estima, mas é um esforço necessário para não deixar a peteca cair e não esquecer que eu ainda sou eu.
O negócio é se apoiar em duas coisas: o amor do namorado, que mesmo quando você está de pijama e lenço diz que você é linda e a beleza interior. Digamos que não sou nenhuma Madre Tereza de Calcutá, mas até que sou bem bonitinha por dentro.

quinta-feira, outubro 20, 2011 4 comentários

Post da Flor I


Bom, hoje o post é da Flor. Só uma palavra para definir: lágrimas.
Foi tão dificil escolher uma só foto para ilustrar esse post, que eu escolhi duas. Nossa história é puro rock, bebê! Love u.

"Só pra contextualizar, pra quem ainda não sabe/não percebeu, somos uma turma de amigas bem amigas. Nos falamos todos os dias, nos vemos quase toda semana, mas é mais que isso... nós nos conhecemos. Na palma da mão. Todos os casos, todas as piadas, todo o passado, todos os fiascos, arrependimentos, loucuras, surtos... sabemos de tudo. Fazemos planos para o futuro, pros casamentos, pros filhos, pras casas, e sempre nos imaginamos velhas e enrugadas enchendo a cara de vinho tinto nos nossos encontros, daqui a uns 50 anos. Enfim, somos amigas do tipo que ajudam a jogar o corpo do defunto no fundo do rio (mesmo porque a gente assiste Dexter e já pegou as manhas).
Todo mundo conhece alguém que tem ou teve câncer. Algum parente, algum avô ou avó, tia, vizinha... não é uma doença alheia à realidade de ninguém, hoje em dia. Eu nunca tinha tido ninguém da minha família nem ninguém muito próximo com câncer, mas believe me, minha família tem uma considerável dose de doenças sérias e assustadoras (herança genética maravilhosa a minha), e eu, em tese, deveria ser mais “resistente” a esse tipo de notícia. Mas não fui.
Até tentei fazer um post que não falasse do dia em que fiquei sabendo e de como foi pra mim receber a notícia de que uma das minhas melhores amigas está com câncer no colo do útero. E apesar de ter começado o meu post tentando explicar um pouco a força da nossa ligação, aquele parágrafo lá em cima e essa expressão, “uma das minhas melhores amigas”, nem começam a explicar a importância que a Thai (e a Mah, Dani e Ju) têm pra mim.
Eu cheguei no trabalho numa segunda-feira comum, me sentei no computador e tinha um email da Thai. Normal, quase todo dia tem um email da Thai na minha caixa de entrada... até que eu li:
“Hoje eu vim aqui falar de uma coisa séria. Amiga, eu estou com câncer.”
Daí pra frente o meu dia foi... Como um dia solto no tempo. Como um sonho ruim no qual eu não entendia direito as coisas, não conseguia acordar, não conseguia compreender... não conseguia resolver. Me lembro vagamente de chorar na minha mesa, de chorar falando com as amigas do trabalho, chorar falando com o chefe, chorar ligando pro namorado, chorar em casa pelo resto do dia. E me lembro de ficar muito, muito grata por ela ter me contado por email e não pessoalmente, porque eu não queria ficar daquele jeito perto dela, ela precisava de força, e não da tristeza profunda e do vazio imenso que eu sentia.
Sabe... a gente não imagina uma coisa dessa, um câncer super agressivo aparecendo do nada naquele belo útero de apenas 25 anos. A gente vai vivendo, vai se ocupando dos nossos problemas diários, dos nossos dilemas e crises existenciais, dos nossos dramas familiares, e a gente acha que tá pronto pra essa tal de vida adulta, que tá se saindo bem na missão, até que a vida vem e dá uma rasteira dessa. E nos mostra que ela pode ser muito mais cruel, mais séria e mais urgente do que pensávamos. Até então, 25 anos era tanta coisa, era tudo que eu vivi até agora e me parecia tanto tempo, mas de repente, 25 anos ficou tão pouco. Há tempos eu não me sentia e não nos sentia tão jovens, tão crianças, tão pequenas, diante do tamanho da vida e seus percalços. Quando a notícia caiu no meu colo, toda a minha perspectiva mudou. A minha forma de ver o mundo, a vida, tudo aquilo que era tão sério pra mim até então, que me preocupava tanto... tudo ficou pequeno e mesquinho demais. E até hoje, tudo continua mudando de tamanho e de importância e seriedade.
Eu tenho uma concunhada (e amiga) que é psicóloga e trabalhou um tempo com as crianças da ala oncológica do Hospital das Clínicas, e num desses dias difíceis ela me disse que, num caso oncológico, toda a família e pessoas próximas do paciente são também pacientes. E isso fez muito sentido pra mim. Eu vivo cada dia, cada etapa do tratamento, cada passo, junto com a Thai. Cada conquista dela (e meu Deus, como ela tem conquistado) é uma conquista também pra mim. Ela tem a careca mais linda do mundo (embora ela nunca vá acreditar nisso) e a alma mais linda também. Ela tem uma força, uma alegria, um otimismo e uma coragem que beiram o inacreditável, e é uma coisa LINDA poder acompanhar de perto esse crescimento, essa luta, esse show que ela tá dando nessa doença ridícula. Como a Tata disse, ela já venceu, nós já vencemos. E nunca foi tão gostoso vencer" 

 
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