segunda-feira, janeiro 30, 2012 7 comentários

Feliz fim de semana.

Nada como um final de semana onde passamos um tempo de qualidade com nossos amigos/familiares/namorado para renovar as baterias para mais uma semana de radioterapia.
Mah, eu e Ju na sexta-feira abandonadas pelos namorados.
Eu e namorado no aniver da Mah. Lenço disfarçando o cabeção da peruca.
Nicolas bebê lindo (o blogspot me enlouqueceu e eu não consegui virar a foto).
 Há muito tempo atrás comi um biscoitinho da sorte e guardei a mensagem na minha carteira. No final do ano passado troquei de carteira e encontrei o bilhetinho com uma frase linda: "Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o Sol!"
Na época eu guardei a mensagem porque sempre fui Pollyana, mas hoje essa frase faz mais sentido do que nunca. Por mais difíceis que as coisas possam parecer em alguns momentos, a vida nos ensina como ela pode ser linda e enxergar isso só depende da gente.
Aniver da Mah. Ju atrasada.
E aproveitando o ensejo de boas vibrações e positividade. Hoje eu quero aproveitar a oportunidade e desejar FELIZ ANIVERSÁRIO para minha amiga super especial Mah. Completando 26 primaveras, a Mah está, também, mudando de vida e abandonou o direito completamente e vai começar a faculdade de medicina. Corajosa!
Amiga linda, queria dizer que tenho certeza que você será uma médica exemplar, dedicada e estudiosa, mas principalmente, você vai ser uma médica HUMANA. Vai entender seus pacientes e ajudá-los a ter uma vida melhor, independente da sua especialização, tenho certeza de que vai encarar cada paciente sabendo que por trás daquele prontuário existe uma VIDA.
Fim de noite com a aniversariante! Sem a peruca, só lenço.
Eu queria ter tido a sorte de que meu médico tivesse a metade do seu coração. Love u, Fofa!
sexta-feira, janeiro 27, 2012 8 comentários

Radio 2/28

Então.... depois de muitas andanças de consulta em consulta, acabei voltando atrás e resolvi fazer a radio, por uma questão simples. EU NÃO QUERO MORRER.
Meu médico não é a pessoa mais sútil do mundo e entre muitas insinuações de que não fazer a radio seria uma assinatura no meu obituário (apesar de opiniões médicas contrárias a dele), acabou me convencendo de que deitar na cama e dormir com tranquilidade só iria acontecer depois que eu me submetesse a uma dose animadora de radiação.
Enfim, essa foi minha decisão e vou enfrentar da melhor forma possível, como fiz em todas as outras etapas.
Na prática é o seguinte: 28 sessões de radio, todos os dias (de segunda à sexta) e depois mais 4 sessões de braquiterapia (uma por semana) e fim!
O lado chato é que estou toda rabiscada, usando uma calcinha monstro para a tinta não estragar as minhas roupas e tive que sair da natação. No momento, vou tentar ignorar a possível existência dos efeitos colaterais e viver a vida.
A sessão de radio não tem mistério.... uma máquina moderna, silenciosa e rápida e eu não estou com medo. Já comprei um creminho especial para a pele pelo modesto valor de R$ 152,90 e vou ocupar bem os meus dias para me dar conta que o tempo passou só no final do tratamento, mas o enjôo já começou (meu estômago é meio sensível).
Eu poderia pensar.... "Nossa, só foram duas sessões , falta muito!", mas eu juro que estou pensando assim: "Ufa! Só faltam 26"

Um adendo em relação a foto: como hoje foi um dia típico curitibano (frio e garoa), a minha peruca resolveu fazer de conta que era meu cabelo de verdade e arrepiou até o último fio.... parecia uma maria louca na rua, então não estou muito apresentável, mas é o que tem para hoje.
Minha amiga linda, Dani, sonhou que meu cabelo estava no ombro.... e olha, posso falar? Meu sonho. Trocaria qualquer coisa por um cabelinho chanel!!!
terça-feira, janeiro 17, 2012 6 comentários

Radioterapia, eu digo não!

Oi pessoal, eu sumi mesmo, mas tenho uma explicação: enquanto para a maioria das pessoas, esse foi um período de renovação e descanso, para mim foi de decisões complexas e a tentativa de finalização de um ciclo. Enquanto todos se bronzeavam tomando uma água de coco ao som de Bob Marly, eu estava correndo de uma consulta médica para a outra. E ainda não acabou. Até o momento foram seis consultas em 11 dias úteis de 2012.

Bom, nesse vai e vem acabei me informando sobre todos os efeitos colaterais da radioterapia a curto e longo prazo. E principalmente, questionei a efetiva necessidade de fazer o tratamento da radio na região da cirurgia, tendo em vista a total retirada do local afetado e também a completa ausência de células neoplasicas na biópsia. Me deparei com duas correntes médicas diferentes e praticamente opostas e estou sofrendo bastante para tomar a minha decisão.
Resolvi não fazer a radio. Mas calma, gente! Não sou louca, eu juro.

Vou explicar: minha decisão foi fundamentada e eu levei em consideração as opiniões médicas diversas. Porém, a radioterapia, em nenhum momento foi considerada uma garantia que a doença não vai voltar nunca mais. É uma decisão super difícil e mais uma vez eu me sinto testada. Parece uma provação (e provavelmente é).
Veja bem, pode parecer que eu estou "colocando nas mãos de Deus", ou então "contando com a sorte", ou encarando a filosofia do "se tiver que ser vai ser", mas não é verdade. Eu estou tomando uma decisão fundamentado em opiniões médicas diversas e além disso, com base no resultado dos meus exames.
O meu médico é uma pessoa difícil, ele não olha para mim e enxerga um ser humano que tem uma vida ótima, 26 anos e pretende viver muitos anos com qualidade de vida. Ele apenas pensa no problema preto no branco e não se preocupa com efeitos colaterais. Ele só enxerga câncer e mais nada.
Pensando por esse lado, estou cada vez mais convencida de que eu estou tomando uma decisão correta, afinal quando a gente pensa em prevenção cogita em tomar capsulas de Ômega 3 ou Vitamina B12, não em encher o corpo de radiação.
Para resumir, ainda vou ter que comunicar ao meu oncologista minha decisão final, ele vai me fazer chorar de novo (e provavelmente, vai me fazer pensar que eu vou morrer de novo), mas daqui para frente eu quero reassumir o comando da minha vida.
Meus lindos cabelinhos loiros estão nascendo com força total e daqui uns meses eu estarei linda e com meus próprios fios de novo e definitivamente. Assim, eu espero!!!

Beijos,
Thai
terça-feira, janeiro 03, 2012 5 comentários

Saber viver.

Pronto, passaram as festas. Apesar do malabarismo para conseguir enfrentar sol, calor, chuva e vento usando a peruca e pior ainda, tentar ficar gatinha, o saldo foi positivo. Família super reunida, comemorações desde o dia 23 de dezembro com a família do meu amor, muitos presentinhos, muitas comidas gostosas, espumante e uns poucos dias de folga do tratamento.
Meu cabelo está crescendo. Muito devagar! Muito mais devagar do que eu esperava, mas pelo menos ele começou a aparecer de verdade. E quinta-feira tenho a consulta no Hospital São Vicente para ser encaminhada para a radioterapia de uma vez por todas.
Hoje começo dieta e caminhadas e no máximo até semana que vem estarei na natação três vezes por semana, porque chega de usar o tratamento como desculpa para gordisse. Acabou a quimio e já tem mais de 30 dias da cirurgia, hora de mexer o corpinho do lugar e afinar.
No meio de tantos planos para 2012 e tantas coisas boas acontecendo perto de mim, eu resolvi aparecer em público de lenço por uns dias na praia e apesar  dos olhares das pessoas, tentei não me importar e até entrei na piscina de lenço. Foi libertador, mas em Curitiba a escravidão da peruca retornou imediatamente.
E dai durante uma bela queima de fogos, exatamente nos primeiros dois minutos da noite mais mágica do ano, começou a tocar uma música que fez um sentido absurdo: "Quem espera que a vida seja feita de ilusão pode até ficar maluco ou morrer na solidão" e naquele momento em que eu tinha acabado de fechar a janela de 2011, o pior ano de toda a minha vida, eu pensei: a vida não é feita de ilusão, mas e dai? É mesmo preciso ter tanto cuidado para mais tarde não sofrer? Eu acho que não.

Eu já ouvi muitos relatos de pessoas que tiveram câncer dizendo que abriram os olhos para a vida ou que passaram a valorizar mais cada momento depois de tudo o que viveram, mas eu não me sinto dessa forma. Eu sempre enxerguei a vida com lente de aumento e depois de todo o sofrimento do tratamento, eu vou continuar sendo a mesma pessoa que era antes e dando valor para cada abraço nos sobrinhos, jantar com as amigas, reunião com a família, noite de sono bem dormida.
Sendo assim, estamos no aguardo do fim desse tratamento para poder continuar assinando embaixo e dando significado a frase: "É preciso saber viver!".
 
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