quinta-feira, setembro 29, 2011 3 comentários

A culpa é do Gianecchini!

Hoje eu tive um daqueles momentos. Aqueles momentos que a gente se olha no espelho e ODEIA estar vivendo um pesadelo acordada. 
Eu sai do banho e fiquei pensando que eu estava feia e precisava de maquiagem urgente, mesmo estando ainda com cabelos. Então, realizei que essa situação ia piorar e resolvi esconder a minha juba loira embaixo de um lenço. Fiquei por uns momentos fingindo que meu cabelo já tinha ido embora.
E resolvi me maquiar com o lenço, e me vestir com o lenço. Cabelos escondidos.
Esse foi um daqueles momentos que a gente deseja estar dormindo e só acordar quando já puder colocar um mega hair. Mas eu estou acordada e tenho internet em casa.

É só abrir o Globo.com e a gente se depara com o Gianecchini mostrando um sorriso de orelha a orelha apadrinhando crianças com câncer.
Dai que todo mundo considera um exemplo de superação e de força. E eu realmente acho que ele é. Eu adoroooo o Gianecchini, acho que ele está dando um show. Não só ele, mas famosos como a Hebe,  Marcia Cabrita (ainda vou falar muito sobre ela aqui!),  Ana Maria Braga, Patrícia Pillar e tantos outros, ajudam pessoinhas, como eu, a superar as fases mais difíceis do tratamento, mas isso não significa que eles não sofram.
Quando eu desanimo ou choro, ou digo que EU ESTOU COM ÓDIO, sempre tem alguém para dizer: "Não fica assim, você vai vencer!", "Não fica triste, mesmo sem cabelos você vai continuar linda!" ou qualquer outra coisa do gênero. E eu sei que as pessoas que dizem isso me amam, e as vezes as pessoas que dizem isso nem me conhecem muito bem, mas simplesmente não querem me ver triste, porque é tão óbvio que eu não merecia passar por isso, que qualquer um pode perceber e não quer me ver triste.
Mas gente, o luto tem mais do que cinco estágios.... ele tem uns trinta e cinco. E chorar, odiar, querer morrer, querer matar, são apenas alguns sentimentos que fazem parte desse processo. E eu tenho que passar por isso!
E certamente, o Gianecchini e todos os outros também tem que passar. 
Não é só porque mesmo careca ele continua lindo e sorridente, que ele não está querendo explodir de vez em quando.... isso faz parte do sofrimente de uma pessoa com câncer. E o fato de as vezes eu estar chorona ou para baixo não quer dizer que eu estou deixando a doença me vencer. Muito pelo contrário. Deixar ela me vencer seria muito mais fácil. Talvez eu não chorasse nenhuma vez.
Sendo assim, se você me ver triste ou chorando, não me peça para ficar feliz.... traz um lenço pra mim, porque eu vou precisar de muitos lenços até o fim dessa luta.

quarta-feira, setembro 28, 2011 2 comentários

Primeira Sessão de Quimio - Depois

Oi gente.
Estou aqui somente para dar um alô para todos, porque eu estou meio lerda.
Parece que minhas ondas cerebrais estão sendo transmitidas em uma frequência mais baixa, então, conseguir formular e elaborar um texto para publicar aqui não está sendo fácil.
Bom, a quimio não foi nem um bicho de sete cabeças... eu fiquei mais ou menos 5 horas recebendo a medicação, variando entre a anti-alérgico, remédio para enjôo e a própria quimio, mas foi totalmente indolor.  
A médica é uma fofa e me previniu de todos os efeitos colaterais.
O que eu mais estou sentindo esses dias é um cansaço. Extremo.
Dou meia dúzia de passos e preciso ficar deitada e dormir um pouquinho. Mas de resto, está tudo indo bem.
Meu único compromisso da semana é arranjar uma peruca e uns lenços, porque eu já estou na contagem regressiva.... vai cair =(
domingo, setembro 25, 2011 11 comentários

Primeira Sessão de Quimio - Antes

Resolvi que esse é o momento de falar de duas coisas: saldo até o momento + o que estou esperando daqui para frente.
Saldo até o momento
Desde o dia do resultado da biópsia, eu vivi uns 15 anos completos. Tudo aconteceu comigo!! Estou um pouco perdida no tempo. Mas eu acho que hoje é um dia importante, pois um ciclo se fecha. A primeira etapa, que consiste em diagnóstico, choque, exames e providências termina hoje. Não tem como negar que tudo está sendo mais do que difícil. Simplesmente, não existe palavra para certa para definir o sentimento que a doença causa na gente.
Mas eu estou quase preparada para começar a quimioterapia. Não posso dizer que não estou triste, e angustiada, porque não é verdade. Mas estou fazendo muito esforço para espantar os pensamentos depressivos que tentam me acometer. E estou sendo muito bem amparada.
Preciso fazer um adendo antes de continuar. Clichê, mas tenho que dizer que as pessoas que estão à minha volta são as mais maravilhosas do mundo, e eu quero falar especialmente de uma delas aqui hoje, porque injustamente ainda não mencionei a participação dele nesse processo todo.
Meu namorado, meu amor! Só sei que nunca vi uma pessoa ter tanta força para emprestar e ainda assim continuar intacta!Ontem eu disse para ele que se não é o meu próprio anjo, certamente é um enviado direto do meu anjo para a minha vida.
Conclusão antes da primeira sessão de quimioterapia: eu tenho câncer no cólo do útero e só. É ali que ele está localizado, essa maldição não chega nem um pouco perto da minha na alma. 

O que estou esperando daqui para frente
Estou com medo, gente. Estou chorando. Estou angustiada.Não posso dizer que estou bem no momento, porque não é verdade.
Na minha cabeça não para de passar a cena da Carolina Dieckman raspando a cabeça na novela das oito de uns anos atrás. E depois uma imagem da primeira mecha soltando do meu couro cabeludo e eu berrando. Eu escuto esse grito na minha cabeça o tempo todo.
Não me digam que a queda de cabelo é o "de menos". Não é. É o de mais!  É o símbolo do câncer. Quero meus cabelos aqui. Lindos, loiros e escovados. Como sempre foram.
E outra coisa que me deixa com as pernas bambas é pensar que eu vou perder meu apetite.
Pessoas sem apetite não tem vida social. Eu vou ao restaurante e enquanto todos comem um filé mignon, vou ter que tomar uma água com gelo para combater o enjôo. No, thanks!!


Tenho medo de ter uma VIDA DE EFEITOS COLATERAIS, ou seja, tenho medo de não ter vida durante o tratamento.

Amanhã é minha primeira sessão de quimioterapia (nunca pensei que fosse dizer isso) e é também aniversário de uma das minhas melhores amigas que eu amo demais, e que é dona de uma grande parte da minha lealdade e do meu coração, é uma verdadeira Flor. Não tem como nada dar errado em um dia que nasceu uma pessoa tão maravilhosa.
Então, torçam por mim! Estarei sentindo todo o amor e carinho de vocês.

Beijos,
Thai
quarta-feira, setembro 21, 2011 4 comentários

Querido cabelo,

Eu sei.... não adianta escrever essa carta para você. O que vai acontecer já está definido. Você já sabe se vai cair da minha cabeça ou não depois que começarmos a te bombardear de química.
Mas eu estou aqui para te pedir, implorar, suplicar para não cair. Por favor, fica comigo!
Eu peço desculpas por todos os dias em que eu gritei com você, desmereci você e te ofendi.
Quando eu disse que você era "horrível", lembra? Era mentira! Horrível sou eu por ter coragem de dizer um aburdo desses.

Você é lindo. É o cabelo mais lindo do mundo. Eu amo sua cor, sua textura, seu comprimento.
Eu amo até as ondinhas que você tem bem ao lado das minhas têmporas.
Você é tão especial que hoje eu decidi colocar uma foto sua aqui.
Cabelo, se você ficar, eu prometo te comprar melhores arquinhos, bons produtos e passar menos spray nos dias em que você ficar rebelde.
Quando alguém me perguntar: "O que você mais gosta em você?", eu vou responder sem pensar "MEU CABELO!!".
 Eu sei que se você se for, você vai voltar, afinal, nós sempre fomos muito unidos, mas mesmo assim eu não quero ver você partir. Vai ser muito doloroso e eu não sei se vou suportar.
Mesmo a sua partida temporária poderá me deixar sem forças para enfrentar essa luta.
Eu preciso de você. Me ajuda a passar por tudo isso, tudo será muito melhor se eu estiver em sua companhia.
Beijos,
Thai
terça-feira, setembro 20, 2011 9 comentários

As maravilhas da Graviola.

Uma coisa é certa: todo mundo tem uma receitinha caseira.
Olha, a sabedoria popular mostra a sua cara. Todas as pessoas que ficam sabendo da minha doença querem me dar uma receitinha IN-FA-LÍ-VEL.
Já me indicaram suplementos alimentares, sucos mágicos, uma gama de produtos naturais, simpatias, cirurgias espirituais, massagens, reikes, acupuntura, homeopatia e até centro de umbanda (oxalá!).
Muitas das receitas, eu estou usando. Principalmente as mais inofensivas, como o consumo adequado de alimentos, por exemplo: é importante o consumo de ferro durante a quimioterapia, porém, a melhor forma de absorção desse nutriente pelo organismo é a combinação dele com vitamina C. Ou seja, almoço de arroz e feijão, deve ser acompanhado de um suquinho de laranja (feito na hora, é claro!). Olho na dica, people!
Eu aderi alguns outros truques, porém, o que mais me chamou a atenção e que eu estou seguindo fielmente é a tal da graviola. Foi indicação de uma vizinha e amiga muito querida, que contou para minha mãe e inclusive, forneceu nosso primeiro suprimento de poupa.
Existem pesquisadores espalhados pelo mundo a fora, tentando loucamente comprovar a eficácia dessa fruta e a combinação do consumo de suas folhas para o combate ao câncer. Ainda não há evidência científica que ateste o potente efeito desse alimento na destruição das células malignas, porém, existem muitas pessoas entregando suas carreiras médicas nas mãos da graviola, jurando de pé junto que o efeito é quase milagroso.
Obviamente, todos que indicam a graviola, fazem ressalvas acerca de seu uso, pois o tratamento com as químicas não deve ser abandonado. Mas o fato de existir a mínima evidência de que o efeito do consumo da fruta e do chá da folha podem curar o câncer com 10.000 vezes mais potência que a quimioterapia, e o melhor, sem nenhum efeito colateral, já é razão suficiente para colocar fé na frutinha. (Vale conferir o vídeo do youtube com uma reportagem transmitida pelo Globo Repórter).
Além disso, o suco é gostoso e o chá é praticamente insípido. Não é sacrifício nenhum realizar o consumo diário da graviola e deixar ela agir fazendo o trabalho sujo, e principalmente, deixando meus cabelos exatamente onde eles devem estar: na minha cabeça!
segunda-feira, setembro 19, 2011 2 comentários

Consciência Corporal

Faz tempo que eu estou ensaiando para escrever sobre a consciência que passei a ter sobre o meu próprio corpo, pois essa é uma das novidades que essa doença trouxe para a minha vida.
Antes, eu poderia passar uma semana com dores nas costas e jamais iria perceber que existia alguma coisa de errado comigo. Na verdade, eu até perceberia, mas com certeza culparia a minha cadeira de trabalho ou até mesmo a minha profissão, que exige uma postura nada favorável.
Acontece que, eu teria a dor, ela andaria grudada nas minhas costas a semana inteira e, eu simplesmente não iria dar importância para ela. Eu não daria a menor “bola” para uma dorzinha. Eu não ligava para um pequeno sofrimento físico, afinal, eu era perfeitamente saudável.
Agora, eu passei a dar atenção ao meu corpo. Atenção aos sinais. Qualquer menor indício de dor ou similar, eu estou atenta. Hoje, uma dor nas costas significa muito mais para mim. Dor nas costas pode significar ovários inchados, útero deslocado, problemas renais.
É claro que a tendência a se tornar hipocondríaca também é uma novidade, mas o importante é perceber a existência desse amor-próprio que antes não existia (pelo menos, não de forma consciente). Eu me importo mais comigo e valorizo mais o meu bem-estar. Eu não sei até quando eu vou ter que conviver com esse tratamento difícil, então, eu prezo muito para que cada momento dessa batalha seja o mais confortável possível.
Todo esse processo doloroso (não só fisicamente), me fez perceber o quanto eu sou importante. Importante para mim. E o quanto eu gosto de ser quem eu sou e não quero que isso mude. Eu quero tanto continuar sendo quem eu sou, que não tem um único dia que eu não deseje “a minha vida de volta”.
Com isso tudo, eu descobri a necessidade de se amar e de se valorizar, pois isso pode salvar nossa vida, e principalmente, salvar nossa alma.
Hoje, eu me arrependo de cada consulta médica que eu perdi ou adiei porque estava ocupada demais e de cada dorzinha singela que eu ignorei porque não estava preocupada comigo. Mas daqui para frente, isso nunca mais vai acontecer.
Afinal, se eu não cuidar de mim, e se eu não me amar em primeiro lugar, como eu poderei sobreviver para cuidar ou amar as outras pessoas?
sexta-feira, setembro 16, 2011 3 comentários

Frustração.

frus.tra.ção
sf (lat frustratione) 1 Ato ou efeito de frustrar. 2 Psicol Negação de uma satisfação pela realidade (os estados de frustração são normalmente acompanhados de reações agressivas).

Hoje eu passei a entender perfeitamente esse conceito. Exceto na parte de reações agressivas. Bem que eu gostaria de ter uma reação agressiva aqui, mas quebrar um objeto não iria aliviar a minha frustração
Depois de dez dias e mais de trinta injeções (!!!), os hormônios foram incompetentes o suficiente para fazer esse meu corpo preguiçoso amadurecer mais de DOIS ÓVULOS.
É isso ai.
Hoje consegui  coletar todos os óvulos, porém só DOIS podem ir para o congelamento e as minhas chances de conseguir utilizá-los são tão pequenas e quase inexistentes, que o médico até me questionou sobre o meu desejo de congelar ou não.
Eu mandei eles para o freezer, mas esses dois teriam que ser heróis da resistência, quase mágicos para virarem um nenêm um dia.
Isso tudo só me faz concluir duas coisas: a primeira delas é que só vou arrancar meu útero daqui se eu for morrer e a outra é que Deus não tem nada a ver com isso.
Por isso, não venham me dizer que "Deus sabe o que faz!", porque eu tenho CERTEZA que ele não esta metido nessa trapalhada. Ele deve estar ocupado demais com todas as outras coisas, menos em escolher quem são as pessoas que merecem ter nenêm.
Ou vocês acham que Deus mandaria um nenêm  para uma dessas vacas que jogam crianças no lixo e tirariam um nenêm de mim????
quarta-feira, setembro 14, 2011 5 comentários

Maluquete!

"Thaiane, não está na hora do seu suco?", "Você tem que descansar", "Você já comeu suas castanhas?", "Vou te fazer um chá", "Você não me ensinou a comentar no seu blog", "Por que você ainda não postou no blog?".
Essas são algumas das frases mais utilizadas pela minha mãe nas últimas semanas.
Ela vem se dedicando integralmente a cuidar de mim, me paparicar e me ajudar a superar esse momento difícil, mesmo sendo  tão difícil para ela também.

Apesar da delicadeza do momento, a gente consegue se divertir e dar risada até na sala de espera do oncologista. Na clínica da fertilidade, então, somos famosas.
Ela não passa mais de dez minutos sem aparecer no meu quarto com um suco, um chá, um croissant de chocolate, uma pastinha cheia de documentos (ou uma injeção!! haha), e eu confesso, que estou adorando todo esse paparico. É muito bom ter 25 anos e ainda ser a passarrinha embaixo da asa da minha mamãe.
Amanhã eu vou voltar a trabalhar e minha maior preocupação é deixar o ninho dela vazio. Já ouviram falar dessa síndrome? Pois é. Até ela sabe que vai sofrer de saudades de mim e eu então, vou morrer de saudades de passar o dia todo perto dela.

Para explicar o título desse post vou contar uma historinha illustrativa que aconteceu hoje.
De manhã (07h30!!) consultei com o Dr. Álvaro, responsável pelos meus óvulos, e antes de ir embora, ele recomendou: "Evite pular esses dias!!!"
Gente, quantos anos eu tenho?? OITO?? Por que eu iria pular? Enfim.... eu entendi o recado e prometi que iria evitar o desgaste.
Dai que a minha mãe resolveu me advertir:
- Thaiane, aquela hora você subiu a escada correndo! E não é para você fazer isso!
- Eu subi a escada super devagar, quase não deu tempo de atender o celular.
- É mesmo. Então foi a outra hora.
- Que horas?
- Aquela hora que eu estava dormindo.
- Se você estava dormindo, como foi que você viu??
E ela começou a dar aquela gargalhada dela que tem o  som "pipipipipipipipipi" e encerrou o assunto. Maluquete ou não?


segunda-feira, setembro 12, 2011 5 comentários

Inflada!

É oficial. Eu sou um balão de gás hélio.
Sério! Hoje é o  oitavo dia que estou tomando injeções diárias na barriga. Mínimo: duas por dia.
Hoje foram cinco. CINCOOOOO!!
Ok, elas não doem, mas elas me incham e a cada picadinha eu vou ficando maior e as roupas não entram direito na minha região abdominal, as blusas marcam minha pança, calça jeans então, é a morte. 

Ah, antes eu disse que elas não doiam? Menti. Hoje eu comecei a tomar uma  que dói. E ainda faltam mais três desta maldição.
Enfim.... acreditem se quiser, essa é a etapa mais legal de todo o meu tratamento. Essas injeções milionárias criam óvulos lindos e redondinhos dentro de mim e eu vou tirar eles e congelar na sexta-feira. Meus futuros filhos vão ficar guardadinhos por alguns anos em vários graus celsius negativos.
Acabando essa etapa do tratamento estou livre para exterminar as células malditas e descontroladas que resolveram causar um estrago no meu corpinho jovem.
Hoje eu busquei os resultados de  todos os exames no Cetac, tomografias, Rx e urografia e todos foram bem, o funcionamento do meu organismo está indo muito bem, obrigada!! 
Minha família ficou feliz demais da conta, a notícia boa do dia é que o fato de não ter uma metástase virou a coisa mais maravilhosa do mundo, o médico gostou também, o tratamento ainda é o mesmo. Três quimioterapias (ciclos de 21 dias) e depois um novo exame para ver se essa maldição já foi para o inferno.
Mas aquele homem está com a idéia fixa de retirar meu útero. Não querooooo que ele tire. O útero é meu, deixa ele aqui, saco!!! 
Por que eu estaria inflando igual um balão, gastando todas as economias dos meus pais se eu não quisesse meu útero no lugar para abrigar meus futuros babies? 

Tá, então é isso, depois de um dia cheio.... as notícias foram melhores do que  piores e eu estou super cansada, torcendo para chegar logo sexta-feira e esvaziar um pouco desse inchaço todo que tem dentro de mim.



Amanhã a luta continua,
Beijos,
Thai.
domingo, setembro 11, 2011 2 comentários

Semana médica.

Tchau, domingo de sol. Alô, segunda-feira.
Enquanto todas as pessoas estão remoendo o fim do domingo porque amanhã terão que trabalhar/estudar/acordar mais cedo/fazer faxina/começar a dieta, eu estou remoendo porque amanhã tenho consulta as 07h40 da manhã para ver como estão meus óvulos (depois de 7 dias de injeções na barriga) e depois tenho que pegar o resultado dos meus outros exames e levar no médico oncologista para ele me dizer a extensão do meu câncer. Que início de semana ótimo hein, gente?

Ironias a parte, eu estou super tensa com o dia de amanhã. Estou apavorada e morrendo de medo do resultado daqueles malditos exames, e mais medo ainda de aquele médico me olhar com os bondosos olhinhos azuis dele e me dar notícias piores do que as que eu já tenho.
Dai eu paro para pensar e me pergunto? Como foi que eu vim parar aqui?? Como a minha vida virou esse IN-FER-NO??? E fico um pouco revoltada, com ódio, querendo enforcar alguém, xingar um idiota, quebrar uns vasos, mas nem me dou ao trabalho.
Ao contrário, fico com esse ódio por uns 5 minutos e depois já começo a pensar em aspectos práticos. Exemplo: separar uma roupa confortável para amanhã, tomar meu chá de folhas de graviola, pensar em qual episódio de Gilmore Girls eu parei e etc.
Algumas semanas atrás eu odiava os domingos porque eles eram chatos, hoje eu odeio os domingos porque eu fico ansiosa, querendo soluções rápidas e ver logo o fim das malditas semanas médicas.
Mas tudo bem.... amanhã vai ser um dia mais decisivo, quando eu vou agendar meu procedimento para coletar os óvulos e remarcar minha primeira sessão de quimioterapia, e espero que depois eu consiga ficar mais tranquila e tentar ter uma semana mais próxima de uma vida normal.
Então, boa sorte para mim e boa semana para todos. 
Beijos, Thai.
sexta-feira, setembro 09, 2011 0 comentários

Solidariedade.

Esta aí uma coisa que eu ando despertando nas pessoas: SOLIDARIEDADE.
Todo mundo é solidário com uma pessoa que leva uma invertida dessas da vida. Todas as enfermeiras, secretárias e até médicas olham  par a minha cara de saúde (haja blush!) e perguntam: "Como foi que você descobriu?" ou "Mas você nunca sentiu NADA??".
E as respostas são sempre as mesmas e eu nem me canso de falar sobre isso, porque eu até gosto de sentir essa solidariedade, principalmente das mulheres, porque qualquer pessoa poderia estar no meu lugar.
Mas esse é o sentimento que se transforma em pena ou dó e isso eu não quero, de jeito nenhum.
Não quero ninguém olhando para mim e pensando: "Coitadinha dessa menina, tão cheia de vida e de repente está ai, passando por essa coisa hor-rí-vel!". Na realidade, tenho pavor de pensar que outras pessoas vão olhar para mim e pensar isso.
Eu odeioooooo imaginar alguém tendo dó de mim!
É claro que eu espero compreensão e solidariedade dos outros, mas não quero que ninguém perca o tempo me achando uma pobre coitada golpeada pelo destino.
Essa é uma linha tênue e contraditória. 
Por exemplo, quarta-feira eu estava em São Paulo e encontrei com a Lilian, minha amiga há 15 anos, que eu amo demais... e simplesmente, não tive coragem de contar para ela, olhando nos olhos dela, que eu tenho câncer. 
Eu jantei, conversei sobre vários assuntos, mas não mencionei o fato de que semana que vem eu vou começar a quimioterapia. Fiquei quieta, e estou pensando como vou contar para ela por e-mail.
Sabe por que? Porque eu não queria que ela olhasse para mim com dó. Não queria mais nenhuma pessoa no mundo sofrendo por minha causa. Já bastam meus pais, meus irmãos, cunhadas, namorado, amigas, avó (uma das minhas avós ainda não sabe!) e etc. Eu não queria que ela me olhasse com pena. eu não ia aguentar isso.
Em compensação, no dia seguinte, quinta-feira, fui na Embaixada Americana para tirar meu visto. Filas enormes, milhões de pessoas espremidas, calor, filas intermináveis. Quando eu vi uma grávida furar a fila, pensei: "É agora que eu chego naquela atendente com cara de boazinha e digo que tenho câncer e estou com muita dor, só para ela me passar na frente". Se ela ia me olhar com dó ou não, não me interessava. Eu só queria furar a fila. Mas dai, me dei conta que não ia colar, afinal, eu tenho uma cara saudável. (Graças ao blush! Mas ainda assim saudável).
Acabei pegando a fila e tendo tempo suficiente para me dar conta que eu sou forte demais, sempre fui, para aceitar estar em posição de inferioridade. E, por isso, é tão difícil acreditar que eu estou fazendo as pessoas a minha volta sofrer e que essas pessoas estão gastando toda a solidariedade que elas tem dentro delas, comigo. Mas ao mesmo tempo, esse é um sentimento que eu preciso. Então, vou deixar rolar... não posso impedir ninguém de sentir o que estão sentindo em relação a minha doença.
A parte mais engraçada, nisso tudo, é imaginar que daqui uns dois anos eu posso ser uma daquelas pessoas que dão depoimento no final do capítulo da novela do Manoel Carlos e fazer o Brasil inteiro chorar de pura solidariedade. (hahaha)
quarta-feira, setembro 07, 2011 3 comentários

Primeiro post.

Bom, resolvi escrever o primeiro post hoje porque estou com o humor um pouco melhor. O fato é que quando se tem 25 anos e se descobre que está com câncer de cólo de útero, aparentemente sem origem e raríssimo em mulheres com menos de 50 e sem filhos, a gente não fica com o humor muito bom a maior parte do tempo.
Confesso que eu cogitei não escrever o blog, pois achei que poderia ser o mural do baixo astral, mas quando percebi que todos os dias eu acabo vivenciando um fato que gostaria de registrar e como me sinto vitoriosa a cada 24 horas que se passam, percebi que um diário cairia bem. Então, notei que esse blog tem três finalidades: a primeira delas é desabafar e colocar para fora tudo o que eu preciso, a segunda é deixar que as pessoas que estão à minha volta leiam um pouco da minha rotina médica e a gente poupe um pouco nossos encontros sociais de papos oncológicos e a terceira, e menos pretensiosa, é encontrar outras pessoas que possam dividir a experiência comigo e me dar força, e também, quem sabe, eu poder dar forças para outras pessoas.

No dia em que eu soube meu diagnóstico, tive um primeiro pensamento: "Como eu vou fugir dessa vez?", mas dai eu cheguei a triste conclusão de que não tinha como fazer isso. Resolvi enfrentar apesar de me sentir dormindo e acordando dentro de um pesadelo.
Apesar de ser a pessoa mais otimista do mundo (e acredite, eu sou!), gente, vamos assumir: ser uma mulher apaixonada, que pensa na carinha dos filhos e descobrir que tem câncer no cólo do útero e querem tirar ele fora, é simplesmente um pesadelo!!!! Não há outra palavra para definir.

Mas nessa atual etapa, os meus sentimentos estão mais estabilizados: já fiz todos os exames, os normais e os bem ruins, já iniciei o tratamento para congelar meus óvulos (ou criopreservação, evitando a esterilidade na quimioterapia) e até perdi meu medo de agulhas (injeções todos os dias e todas as veias furadas fazem isso por você).
Semana que vem começa minha quimio e nem vou começar a choramingar aqui porque vou ter tempo para fazer isso depois. O que importa é que agora eu estou unindo as minhas forças e a de todas as pessoas ao meu redor para combater esse monstro que estava dormindo embaixo da minha cama. E eu aposto que eu vou vencer, porque desde o primeiro minuto eu não tive dúvidas disso: EU ESCOLHI VIVER!!!!

P.S: Esqueci de mencionar sobre o nome do blog.... é um trocadilho.... meio infame, mas simples. Eu nunca tenho sequer uma gripe, e de repente estou com a doença mais assustadora do mundo. Além disso, paciência nunca foi uma de minhas virtudes, mas agora, eu não tenho mais opção, sou oficialmente, uma paciente!

 
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