segunda-feira, outubro 03, 2011

A história dos outros.

Segunda-feira agitada.
Uma semana depois da primeira sessão da quimio e hoje eu fui providenciar meus cabelos novos (estou com uma certa raivinha do nome "peruca").
A gente sempre tem que contar um pouco da nossa história para as pessoas, mas tem muita gente que quer contar a história da prima, da vizinha, da colega, da irmã, da amiga da amiga, e eu escuto todas, mas algumas eu odeio ouvir. Outras me ajudam a lembrar que eu não estou sozinha nesse barco furado.

Hoje eu ouvi história de uma senhora que teve o primeiro câncer há 20 anos atrás e ele voltou várias vezes (odiei!). Ouvi a história de uma menina que raspou o cabelo no salão lotado em um sábado e TODOS CHORARAM (segurei o choro!). Ouvi história de uma menina que tacou tanta química no cabelo que o cabelo caiu e ela teve que raspar por pura burrice e depois colocar mega hair (dei graças a Deus ter nascido mais esperta que essa).
Mas principalmente, eu ouvi uma história da boca de uma personagem real. Tão real quanto eu.
Enquanto eu estava definindo a minha própria peruca (argh!), ela chegou para raspar o cabelo. Na verdade, ela ia cortar o cabelo e salvar para fazer a peruca dela, mas enfim, o dia dela ficar careca, triste e deprimida era hoje.
E nós conversamos uns dez minutos e eu tive tempo de descobrir que ela é uma professora universitária com emprego "full time" e que descobriu o câncer de mama dia 29 de agosto (dez dias depois de mim) e já fez três sessões de quimio. Mas ela faz uma por semana e ainda faltam nove semanais e mais não sei quantas com espaçamento de 21 dias antes de ela (talvez) poder operar.
Os exames iniciais dela não foram bons e ela vai precisar de um medicamento mais agressivo para ver se melhora o quadro. Já está usando um catéter e disse que a medicação é super ardida para entrar.
Dai que eu não fiquei triste por ela, porque ela não é triste por ela. Ela fala da própria história sem embargar a voz e levou uma câmera fotográfica para registrar o momento da carequice chegando.
Antes de ir embora eu desejei "Boa sorte!", porque não tem mais nada que se possa falar para uma pessoa como ela. Ela só precisa de sorte, porque força ela já tem.
Depois, eu marquei com a minha cabelereira de ir em casa tirar meus fios quando chegar a minha hora de perder eles, coloquei um (dos muitos) lenço novo na bolsa e voltei a trabalhar, porque tudo o que eu quero é isso. Viver minha vida.

3 comentários:

Flor disse...

Arrepiei e meus olhos se encheram d'água.

POST LINDO!!! Acho que encontros como esse são muito bons e não são por acaso... vc devia ter passado o endereço do blog pra ela, fia!

Vc é demais a nossa heroína.

love u

Caio Cordeiro disse...

Adorei essa professora!
Loira, vc reagiu super bem a quimio, essa notícia é ótima!
Beijos e mais beijos! Amote-te

Danielle disse...

amiga, eu amo seu blog!
amei o post e a foto!
você tá sendo incrível!

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