segunda-feira, outubro 10, 2011

Post sem título

Meu cabelo se foi.
Começou a cair e não parou mais. Junto com ele foram muitas coisas: minha tranquilidade em relação ao tratamento, meus outros pêlos do corpo todo, minha paz interior. E chegaram coisas novas: medo, dor, nó na garganta.
Começou a cair de pouquinho em pouquinho. Não tive nenhuma dorzinho no couro cabeludo, veio sem anúncio. Eu estava aguentando ver a queda dos fios. De repente, caiu um chumaço e eu me desesperei completamente. Aliás, ainda estou desesperada.
Durante todo o tratamento eu usei uma técnica simples: cada momento difícil, eu pensava nos melhores momentos da minha vida (os que já passaram e os que eu sonho com o dia que virão). Tomografia: Lucas e Giulia brincando na piscina. Dieta da Urografia: carinha de nervoso no Nicolas bebê. Anestesia: a felicicidade dos meus pais na minha formatura. Agulhada da quimio: primeiro beijo no meu namorado.
Mas dessa vez não consigo pensar em nenhum bom momento capaz de conter a minha tristeza. A cada fio de cabelo caindo da minha cabeça foi como se apagasse um momento de felicidade da minha memória.
Mesmo sabendo que esse dia iria chegar e a queda de cabelo ser uma tragédia anunciada, isso não significa que o sofrimento está sendo menor. A previsão da tragédia não redimi a dor que ela traz.
A cada tesourada nas minhas mechas loiras, eu sentia como se fosse uma tesourada dentro do meu coração.
Hoje, 10 de outubro de 2011 foi, sem dúvidas, o dia mais triste de toda a minha vida.

9 comentários:

Tata disse...

Meu Deus, como foi difícil participar deste momento!!!
Eu sei que não existem palavras que possam aliviar o sofrimento deste dia, porém deixo aqui a minha intenção de fazer tudo o que for possível e quem sabe até o que possa parecer impossível (afinal como mãe tenho alguns direitos concedidos por Deus aos quais vou recorrer e não me importo se vou gastar todos os meus privilégios de mãe neste momento) para te ajudar a superar mais uma etapa neste tratamento longo, eu sei, mas que trará um resultado muito positivo e no final de tudo vamos fazer visitas a pessoas com problemas parecidos e vamos encoraja-las e mostrar o quanto vale a pena a luta e a fé.
TE AMO!
Mamãe

Danielle disse...

queria poder ajudar, poder dizer coisas que dessem conforto.
mas a verdade é que tudo parece ridículo agora...
então só queria reforçar que estou (estamos) aqui para tudo!
queria te dar um abraço um beijo!
te amo, amiga!

Caio Cordeiro disse...

Ei amore!
Assim como a previsão da tragédia não redimi a sua dor, a ciência da chegada desse dia também não foi capaz de me fazer formular algo pra te dizer. Talvez porque, em realidade, não haja o que ser dito.
Como amigo, desejo que você não deixe que suas esperanças se vaiam com o seu cabelo. Infelizmente, o tratamento é cruel e vai querer te levar muita coisa. Mas não deixe, lute por todas essas memórias boas que tem mantém em paz, caia e levante quantas vezes forem necessárias, lute, lute, lute. A gente tá aqui, pra cair e levantar com vc em todas as vezes que preciso for.
NADA é permanente nesse Mundo, nem mesmo a tristeza, nem mesmo a dor. Estou certo de que, junto com esse novo cabelo que vai nascer, uma nova Thai também nascerá!
Amo-te

Regi disse...

Thay, imagino como está difícil tudo isso pra vc. Acredite, vc está realmente sendo uma fortaleza, não sei se eu conseguiria agir assim como vc e ainda ter forças para escrever. Estou realmente muito admirada com a sua coragem, principalmente a de ontem de tomar esta decisão tão difícil de cortar seus cabelos. Thay é difícil ficar sem os cabelos, mas pense que daqui uns meses isso vai ser tão pequeno diante da impotância que a quimio tem para a cura desta doença. Estou torcendo muito por vc, apesar de não estar tão próxima neste momento. Bjus. Regi

Flor disse...

Amada, realmente não há muito mais o que dizer, além do que todos disseram aqui em cima... Só podemos te desejar força, te garantir o nosso apoio e te lembrar que "isso também vai passar", até esse dia mais triste que todos os outros, vai passar. Claro, você vai se lembrar dele pra sempre, mas com o tempo a dor vai se acomodando dentro da gente e pára de espetar tanto. Que merda de consolo é esse né, mas acho que nessa hora não tem mais o que dizer... nada como um dia após o outro.

Te amo muito e tô aqui por vc e pra vc sempre, you know that.

(que conste nos autos que o blogger engoliu meu comentário na hora de postar e tive q escrever tudo de novo, haha)

Ju disse...

Amiga,
Eu não sou tão boa com palavras quanto essas pessoas que comentaram aqui.
Mas reforço tudo que todos disseram e quero que vc saiba que apesar de ser tão difícil, isso vai passar e eu vou estar do seu lado. Sempre. Pra enxugar suas lágrimas e pra sorrir com vc no dia da vitória! Conte comigo pra tudo e pra sempre.
Amo vc!

mah disse...

Amigaaa, queria poder fazer alguma coisa concreta pra amenizar tudo isso! Do tipo: desligar o botãozinho da tristeza, arrancar as células que ficaram loucas, colocar as coisas no lugar em que elas deveriam estar.
Mas o jeito é repetir oq todo mundo já disse e ficar aqui torcendo muitooo.. Fica forte, você é a nossa She-ra e a vitória vai chegar! E só pra constar, i'll be there for you!
Hoje foi o dia mais triste, mas daqui a pouco ele vai sair de cena porque o dia mais feliz tá pedindo licença.
Te amooooooooo!!!

Milady Trava disse...

Olá, vendo um outro blog encontrei o seu e pude ir lendo suas histórias e seus momentos, alguns eu ri muito, outros chorei e outros até estranhei..rsrsr
Mas esta postagem me chamou mais a atenção, talvez pela tristeza no final do texto. Mas então, em 2009 e 2010 tratei um câncer de pulmão e com 22 anos também fiquei careca, decidi cortar e raspar meus cabelos, após pintá-los de rosa, como sempre sonhei e meu pai nunca havia deixado. Na ocasião fui presenteada com um lenço bem bonito pelo meu namorado, agendei o horário no salão, convidei a minha melhor amiga e avisei a vizinhança. Atuei como um personagem doido de um filme qualquer que picota todo o cabelo, logo após realizei um pedido de um priminho, deixei estilo moicano e enfim passei a máquina no zero. Foi tudo muito lindo e emocionante, como deve ser a vida. Claro que foi difícil ver o meu pai chorando em cima da minha careca e ao mesmo tempo rir, dizendo que a minha cuca estava igualzinha quando eu tinha uns meses de idade..rsrsrsr. Mas aproveitei bem o meu momento careca, livre de secador, de chapinha, escova e tempo em frente ao espelho. Por muitas vezes usei lenço, chapéu, boné e coisitas mais, a pedido do meu irmão não usei peruca e também atendendo ele, que também já teve câncer, assumi a minha careca quando os fios ainda teimavam em não aparecer.Hoje meus cabelos voltaram, e voltaram mais grossos e mais escuros,mais em todos os momentos fui feliz, pois a cada semana eu pude estar com um novo visual e isso era muito bacana. Desculpa ser intrometida em seu blog, mas achei bacana seus relatos e quis compartilhar com você o meu momento, que claro, também ficará guardado em minha memória para sempre. Obrigado.

Nunca fui paciente disse...

Que bom que resolveu me escrever Milady, é muito bom ver como é possível seguir a vida e ser feliz depois de tantas tristezas....
Cada um tem que ser protagonista de sua própria história.
Por que será que você estranhou algumas das minhas histórias? hahaha
Eu sempre tentei trazer o máximo de leveza possível para o blog, porque é assim que eu sou.

Obrigada por compartilhar comigo sua história.

Beijos

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