segunda-feira, setembro 19, 2011

Consciência Corporal

Faz tempo que eu estou ensaiando para escrever sobre a consciência que passei a ter sobre o meu próprio corpo, pois essa é uma das novidades que essa doença trouxe para a minha vida.
Antes, eu poderia passar uma semana com dores nas costas e jamais iria perceber que existia alguma coisa de errado comigo. Na verdade, eu até perceberia, mas com certeza culparia a minha cadeira de trabalho ou até mesmo a minha profissão, que exige uma postura nada favorável.
Acontece que, eu teria a dor, ela andaria grudada nas minhas costas a semana inteira e, eu simplesmente não iria dar importância para ela. Eu não daria a menor “bola” para uma dorzinha. Eu não ligava para um pequeno sofrimento físico, afinal, eu era perfeitamente saudável.
Agora, eu passei a dar atenção ao meu corpo. Atenção aos sinais. Qualquer menor indício de dor ou similar, eu estou atenta. Hoje, uma dor nas costas significa muito mais para mim. Dor nas costas pode significar ovários inchados, útero deslocado, problemas renais.
É claro que a tendência a se tornar hipocondríaca também é uma novidade, mas o importante é perceber a existência desse amor-próprio que antes não existia (pelo menos, não de forma consciente). Eu me importo mais comigo e valorizo mais o meu bem-estar. Eu não sei até quando eu vou ter que conviver com esse tratamento difícil, então, eu prezo muito para que cada momento dessa batalha seja o mais confortável possível.
Todo esse processo doloroso (não só fisicamente), me fez perceber o quanto eu sou importante. Importante para mim. E o quanto eu gosto de ser quem eu sou e não quero que isso mude. Eu quero tanto continuar sendo quem eu sou, que não tem um único dia que eu não deseje “a minha vida de volta”.
Com isso tudo, eu descobri a necessidade de se amar e de se valorizar, pois isso pode salvar nossa vida, e principalmente, salvar nossa alma.
Hoje, eu me arrependo de cada consulta médica que eu perdi ou adiei porque estava ocupada demais e de cada dorzinha singela que eu ignorei porque não estava preocupada comigo. Mas daqui para frente, isso nunca mais vai acontecer.
Afinal, se eu não cuidar de mim, e se eu não me amar em primeiro lugar, como eu poderei sobreviver para cuidar ou amar as outras pessoas?

2 comentários:

Caio Cordeiro disse...

Loira,

Você é quem você sempre foi, apenas em uma outra circunstância temporária. E sempre será, porque as transformações que passamos na vida (até mesmo as duras, indesejadas e que de início não podemos mensurar) não nos descaracterizam, pelo contrário, elas potencializam o nosso eu e, por isso mesmo, nos abrimos para novas possibilidades que antes nem sabíamos (conscientemente) que seríamos capazes,como a de aprender a se amar, a se cuidar! Afinal de contas, querendo ou não, somos um pouco de tudo que vivemos, sentimos, pensamos, vemos, né?

É muito bom saber que diante da inevitabilidade desse doloroso processo, você tá encontrando forças para se amar e se perceber! É isso aí, parabéns, estou orgulhoso de vc!

Te amo!

Caio

Flor disse...

Caio: clap clap clap!

Também acho que ao fim de tudo isso vc vai se descobrir tão mais forte, madura e maior, que não vai nem mesmo desejar que nada tivesse acontecido... tudo é estímulo evolutivo!

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